ICS-ULisboa recebe Guilherme Henriques Soares para seminário sobre a domesticação da Amazónia

Seminários GI | Quinta-feira, 23 de outubro, 11h00
Florestas domesticadas, controvérsias selvagens: Uma incursão ao debate sobre a Domesticação da Amazônia

No dia 23 de outubro, o Grupo de Investigação Diversidades organiza mais uma sessão dos Seminários GI, intitulada “Florestas domesticadas, controvérsias selvagens: Uma incursão ao debate sobre a Domesticação da Amazônia”. O orador convidado será Guilherme Henriques Soares, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A sessão tem início às 11h00, na Sala Maria de Sousa, ICS-ULisboa, e será também transmitida online via Microsoft Teams.

O seminário abordará as controvérsias científicas em torno da ideia de “domesticação da Amazônia”, uma narrativa que desafia a visão tradicional da floresta como um ambiente intocado, destacando o papel das populações indígenas na transformação das paisagens amazónicas. A primeira parte da apresentação mapeia o debate entre dois grupos de cientistas: de um lado, os que defendem que as florestas amazónicas foram amplamente moldadas por práticas humanas pré-colombianas, resultando em paisagens domesticadas; de outro, os que sustentam que os vestígios existentes são pontuais e insuficientes para indicar uma transformação generalizada. A disputa envolve questões metodológicas, a distribuição de espécies úteis e a relação entre sítios arqueológicos e biodiversidade.

Na segunda parte, o conferencista analisa as diferentes operações discursivas em torno do conceito de domesticação, mostrando como sua definição varia conforme a perspectiva adotada. A oposição entre domesticação como processo amplo e gradual ou como evento restrito e intencional revela diferentes entendimentos sobre a influência humana na floresta. Assim, a controvérsia ultrapassa os dados empíricos, envolvendo disputas epistemológicas e políticas sobre o papel das populações indígenas no manejo da Amazônia. Reconhecer essa influência é essencial para as políticas ambientais e de conservação, ao mesmo tempo em que as tensões conceituais expõem os desafios de integrar múltiplas disciplinas e perspetivas no estudo das relações entre humanos e ambientes tropicais.

Sobre o orador

Guilherme Henriques Soares é doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde defendeu tese sobre as controvérsias científicas em torno da ideia de “domesticação da Amazônia”. Foi coordenador do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI/UFAM) e tem desenvolvido pesquisas que articulam história natural, etnografia e conhecimentos indígenas. Atualmente, é Analista Socioambiental no Programa de Povos e Territórios Indígenas da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil), em Manaus, dedicando-se à promoção da autonomia e dos direitos dos povos indígenas na Amazônia.