O Workshop Reflorestar o património: Museus e a retomada dos povos indígenas acontece entre os dias 4 a 6 de Junho 2025 no Museu Nacional de História e da Ciência, Lisboa, Portugal. O Workshop inicia o WP 5: “Reclaiming and Redefining Heritage: Data Governance, Displays and Preservation in Collections and Museums” do projeto EDGES.
Reflorestar o património parte de um questionamento urgente sobre as formas de relação com os acervos museológicos e com os saberes que neles vivem. Mais do que uma metáfora, reflorestar aponta para um gesto epistemológico, ético e político que se entrelaça a debates contemporâneos fulcrais, como a necessidade de ecologizar o pensamento, superando os paradigmas da modernidade e reencantando a experiência e as subjetividades.
Inspirados pelas lutas e reivindicações dos povos indígenas, propomos pensar os museus não como espaços neutros de conservação, mas como territórios em disputa, onde é possível reimaginar o património como campo de cura, escuta e transformação. Reflorestar é também permitir que outras formas de memória, presença e relação cresçam, especialmente em diálogo com a retomada territorial, cultural e espiritual que está em curso nos territórios indígenas.
COMISSÃO ORGANIZADORA: Rodrigo Lacerda (Centro em Rede de Investigação em Antropologia, NOVA FCSH / IN2PAST); Bruno Brulon Soares (University of St. Andrews); Marta Lourenço (Museus de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa); Pedro Cardim (CHAM – Centro de Humanidades, Universidade Nova de Lisboa); Isabel Araújo Branco (CHAM – Centro de Humanidades, Universidade Nova de Lisboa); Karine de Fatima Mazarão (CHAM – Centro de Humanidades, Universidade Nova de Lisboa).
O número total de participantes será limitado a 50 pessoas por sessão. A participação requer inscrição prévia por meio de um link que será disponibilizado em breve.
Programa
QUARTA-FEIRA | 4 JUN
13h | Credenciamento dos participantes e levantamento obrigatório do crachá de identificação
13h45 | Abertura do workshop pela comissão organizadora
14h – 15h45 | Por uma museologia experimental indígena
Esta sessão propõe refletir sobre os caminhos para uma museologia experimental indígena, entendida como prática crítica, sensível e colaborativa, enraizada nos modos de conhecimento, memória e cuidado dos povos indígenas. Em diálogo com a retomada de narrativas e territórios que atravessa os museus hoje, queremos pensar experiências que desafiem os limites das instituições patrimoniais e reorientem seus modos de curadoria, mediação e arquivo. A partir de projetos situados e experimentações práticas, a sessão tem como objetivo contribuir para imaginar outros futuros museológicos, que sejam mais relacionais, pluriversos e comprometidos com a vida dos povos originários.
Participantes:
1. Ana María Lema (Universidad Mayor de San Andrés, Bolívia)
2. Francisco Huichaqueo (artista, curador e cineasta indígena mapuche)
3. Nara Neves Pires Galvão (Instituto Ricardo Brennand; Universidade Federal de Pernambuco)
4. Ziel Karapotó (artista, curador e cineasta indígena)
5. Jelena Porsanger (RiddoDuottarMuseat – The Sámi Museum in Karasjok; University of Helsinki)
Moderação: Bruno Brulon Soares (University of St Andrews)
16h15 – 18h | Manusear com cuidado: sessão prática com objetos extremamente sensíveis das coleções do Museus de História Natural e da Ciência
Esta sessão propõe um momento de prática e reflexão em torno do contato direto com objetos de alta sensibilidade provenientes das coleções do Museu Nacional de História Natural e da Ciência. A atividade convida os participantes a explorar, com atenção e responsabilidade, as camadas materiais, simbólicas e políticas que esses objetos carregam. Em diálogo com o tema do workshop, a sessão busca repensar as formas de aproximação, cuidado e escuta que museus podem cultivar diante de patrimónios marcados por histórias coloniais, deslocamentos forçados e saberes silenciados. Trata-se de uma oportunidade para experimentar modos mais atentos, respeitosos e éticos de relação com os acervos.
Coordenação: Marta Lourenço (Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa) e Ana Godinho (Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa)
QUINTA-FEIRA | 5 JUN
14h – 15h45 | Visita à exposição “O Impulso fotográfico. (Des)arrumar o arquivo colonial”
Esta visita guiada à exposição “O Impulso fotográfico. (Des)arrumar o arquivo colonial”, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa (MUHNAC), convida os participantes do workshop a refletirem sobre os usos, poderes e limites da imagem fotográfica no contexto colonial e científico. A mostra reúne fotografias dos séculos XIX e XX provenientes de diferentes acervos do MUHNAC, revelando os enquadramentos históricos e epistemológicos que moldaram a construção do olhar europeu sobre os territórios e povos colonizados.
A visita será também uma oportunidade para apresentar as diversas iniciativas e colaborações que o MUHNAC tem desenvolvido em torno dos seus arquivos, incluindo projetos de investigação, parcerias interinstitucionais e ações de reinterpretação crítica com comunidades afrodescendentes, com o objetivo de questionar narrativas hegemónicas e promover formas mais plurais, éticas e dialogadas de curadoria e mediação.
Coordenação: Marta Lourenço (Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa) e Ana Godinho (Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa)
16h15 – 18h | Perguntas que os arquivos e as coleções nos colocam
Este painel propõe um espaço de escuta e debate em torno das interrogações que emergem dos arquivos e coleções: suas lacunas, excessos, silêncios e persistências. Em vez de tratá-los como fontes passivas de informação, partimos da ideia de que arquivos e objetos têm agência: eles nos desafiam, nos convocam, nos incomodam. Especialmente no contexto de coleções construídas em contextos coloniais, essas perguntas ganham força e urgência. Este encontro convida à reflexão sobre como os acervos podem ser reapropriados, ressignificados e reativados por meio de práticas colaborativas, críticas e sensíveis, abrindo espaço para epistemologias indígenas e para outras formas de cuidado e relação com o conhecimento.
Participantes:
1. Elisabete Pereira ( Instituto de História Contemporânea, Universidade de Évora / IN2PAST)
2. Francisco Roque de Oliveira (Centro de Estudos Geográficos, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa [CEG-IGOT-ULisboa])
3. María Luisa Soux (Universidad Mayor de San Andrés, Bolívia)
4. Marília Xavier Cury (Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo)
5. Sonia Archila (Departamento de Antropologia, Universidad de los Andes, Colômbia)
Moderação: Axel Lazzari (Universidad Nacional de San Martín [UNSAM], Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas [CONICET])
SEXTA-FEIRA | 6 JUN
14h – 15h45 | O que a floresta lembra que os museus esqueceram?
Este painel propõe abrir espaço para escutar os saberes da terra, os silêncios dos acervos e as ausências nos discursos institucionais. Ao trazer a floresta como fonte de memória, relação e conhecimento, buscamos confrontar os regimes de classificação, conservação e representação que moldaram os museus modernos e imaginar formas de reencantamento e reconexão. A sessão convida à construção de práticas museológicas enraizadas em outros modos de existir, lembrar e cuidar.
Participantes:
1. Ellen Lima Wassu (artista, poeta e investigadora indígena no Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho – CEHUM – UMinho)
2. Olinda Tupinambá (artista, curadora e cineasta indígena)
3. Ritó Natálio (artista e investigador, Parasita / Terra Batida)
4. Lilly Baniwa (atriz, performer, diretora indígena)
5. Susana de Matos Viegas (ICS, Universidade de Lisboa)
Moderação: Inês Beleza Barreiros (Universidade Nova de Lisboa)
16h15 – 18h00 | O papel das artes indígenas na preservação e reinvenção cultural
As artes indígenas ocupam um lugar central na preservação e reinvenção das culturas indígenas. Muito além da categoria ocidental de “arte”, elas expressam modos de existir, narrar, curar, resistir e sonhar. Este painel propõe refletir sobre como práticas artísticas indígenas – em suas múltiplas linguagens e suportes – atuam como formas de transmissão de memória, afirmação identitária e criação de futuros possíveis. A sessão irá discutir o papel dessas artes na retomada indígena, no diálogo com instituições patrimoniais e na construção de espaços de escuta, visibilidade e soberania.
Participantes:
1. Alva Martinez Teixeiro (Universidade da Coruña)
2. Citlalli Andrago (cineasta indígena, Universidad Andina Simón Bolívar-Quito, Sede Ecuador)
3. Izabelle Louise (artista, cineasta e investigadora indígena Tremembé, Universidade de Lisboa)
4. Jamille Pinheiro Dias (University of London)
5. Joshi Espinosa (cineasta indígena, Universidad Andina Simón Bolívar-Quito, Sede Ecuador)
Moderação: Pedro Cardim (CHAM – Centro de Humanidades, Universidade Nova de Lisboa)
Biografias
Alva Martínez Teixeiro é Professora Distinguida Senior da Universidade da Coruña e Professora Estrangeira Associada da PUCRS, Brasil. Foi Professora de Estudos Brasileiros da Universidade de Lisboa (2012-2024) e docente de Literatura Brasileira da ‘Université Mohammed V’ de Rabat (2012-2016). Doutora pela Universidade da Coruña com a tese, com Menção Europeia, A obra literária de Hilda Hilst e a categoria do obsceno (2010). É especialista em literatura brasileira e nas relações interartes (literatura – artes plásticas). Publicou monografias sobre Raduan Nassar, Hilda Hilst, Sophia Andresen ou Lygia Fagundes Telles. Recebeu, entre outros, o Prêmio Internacional de Monografias Itamaraty, do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil (2014). CIÊNCIA VITAE; ORCID
Ana María Lema Garrett é Doutorada em História pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), Paris, 1988. Desde 2016, é docente no curso de História da Universidade Mayor de San Andrés, em La Paz. Integra diversas associações bolivianas dedicadas à investigação histórica. Exerceu funções docentes em várias universidades da Bolívia e colaborou com instituições públicas ligadas à investigação e à cultura, como a Subsecretaria de Assuntos Étnicos (1994–1997), o Museu Nacional de Etnografia e Folclore (2009–2011) e o Arquivo e Biblioteca Nacionais da Bolívia (2011–2013). Tem desenvolvido trabalho na edição de textos, publicação de fontes primárias e assumiu, de forma interina, a direção de várias revistas académicas. Os seus principais temas de investigação incluem: a história das terras baixas da Bolívia e as relações entre as populações indígenas, a sociedade e o Estado boliviano; a história das mulheres bolivianas nos séculos XIX e XX; e a história da folha de coca. ORCID: 0000-0002-6068-3056
Axel Lazzari é Investigador independente do CONICET e Professor na Escola Interdisciplinar de Altos Estudos Sociais (EIDAES) da Universidade Nacional de San Martín. É diretor do Centro de Estudos Socioterritoriais, de Identidades e de Ambiente (CESIA) e membro fundador da Rede de Investigações em Antropologias Argentinas e Latino-Americanas (RIASAL). Doutorado em Antropologia pela Universidade de Columbia (2010), possui também um mestrado em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1996). A sua trajetória académica e profissional abrange desde os estudos indígenas até à antropologia política e à etno-história. Atualmente, dedica-se à investigação sobre a história da antropologia argentina. É autor da obra A volta dos ranqueles. Um ressurgimento indígena na América Latina (Sb, 2024, 2.ª edição), tendo publicado extensamente em revistas nacionais e internacionais. Participou ainda em diversas obras coletivas e coordenou a edição de uma coleção de materiais educativos sobre os povos indígenas da Argentina.
Bruno Brulon Soares é museólogo e antropólogo, professor na Universidade de St Andrews, na Escócia, onde dirige o Instituto para Museus, Patrimônio e Sociedade. Entre 2019 e 2022, foi Presidente do Comitê Internacional para a Museologia (ICOFOM). Atualmente é presidente do Comitê Internacional para a Museologia Social (SOMUS) e co-presidente do Comitê Permanente para a Definição de Museu do Conselho Internacional de Museus (ICOM). Seu livro mais recente, The Anticolonial Museum (Routledge, 2023), investiga a retórica da descolonização na museologia e suas consequências políticas e materiais na Europa e na América Latina. Seus interesses de pesquisa têm enfoque nas museologias experimentais, nos museus comunitários e nos usos políticos dos museus e do patrimônio. ORCID; Lattes.
Citlalli Andrago
Ellen Lima Wassu é multiartista, peixe de água doce, humana perplexa, jardineira de apartamento e mais bicho que gente. Nascida no Rio de Janeiro, é indígena do povo Wassu Cocal (AL) e atualmente vive em Portugal onde faz doutorado, desenvolve praticas artísticas, realiza cursos, palestras e atua como ativista. Além de integrar revistas literárias e outras coletâneas, publicou em 2021 ixé ygara voltando pra ’y’kûá (Urutau), e em 2023 ybykûatiara um livro de terra (Urutau). Sua prática relaciona arte, poesia, performance, ativismo, crítica, bons encontros, banho de rio, escuta e conversa com flores.
Elisabete Pereira é curadora da exposição «Confrontar o legado colonial no Museu» (12-03-2025 a 31-10-2025), um dos outputs do projeto de I&D “TRANSMAT – Materialidades transnacionais (1850-1930): reconstituindo colecções e conectando histórias” (FCT – PTDC/FER-HFC/2793/2020) que coordenou entre 2021 e 2025. É investigadora integrada e membro da direcção (2023-2026) do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa/Universidade de Évora), avaliadora do «Provenance Research Fund» do Centro Marc Bloch (Universidade Humboldt, 2024/2025); bolseira do DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Académico) para o programa de intercâmbio TheMuseumsLab 2023.
Francisco Huichaqueo é artista, cineasta e curador. Nasceu em 1977 na cidade de Valdivia (Ainil), no sul do Chile, território mapuche conhecido como Gulumapu, a oeste da Cordilheira dos Andes. É professor na Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Concepción, no Chile. Licenciado em Artes Visuais (2001) e mestre em Cinema Documental pela Universidade do Chile (2013), estudou óptica cinematográfica na Escola de Cinema de San Antonio de los Baños, Cuba, com apoio do Fundo de Fomento Audiovisual do Ministério das Culturas do Chile. A sua obra cinematográfica assenta numa abordagem indígena, que denomina Cine Medicina, baseada numa visão cosmogónica e circular mapuche. Como curador, desenvolve práticas contra-coloniais voltadas para a crítica dos museus arqueológicos e etnológicos, a partir da figura do curador-curandeiro. Desde 2011 tem sido convidado para exposições, residências e conferências em instituições internacionais, incluindo as universidades de Nova Iorque, Yale, Berkeley, Princeton, Utah, San Andrés (Bolívia) e eventos no México. Aborda temas como a resignificação das peças patrimoniais mapuche detidas por museus em coleções públicas e privadas. Participou em residências artísticas no Taiwan (2015), França (2009), Colômbia (2017) e México (2018). Em 2021, recebeu o Prémio de Criação da Universidade de Concepción e, em 2022, foi nomeado pela Fundação Cisneros (CIFO) para o seu programa de bolsas e comissões. Entre as suas exposições destacam-se: Chilean Miracle (Los Angeles, 2014), DE Celerate (Nova Zelândia, 2020), Sobre el principio del tiempo (Museu Reina Sofía, Madrid, 2021), REPARAÇÃO / REPAIR / REPARAR (Hangar, Lisboa, 2024). Exposições individuais notáveis incluem Kalül Trawün (MNBA, Santiago), Wenupelon (Museu de Artes Visuais, Santiago), Malón Wiño (Buenos Aires) e Trig Metawe Kura (Palácio Pereira, 2022). Em 2024, participa na exposição Ancestros Hoy no Wadsworth Atheneum Museum of Art, EUA. As suas obras foram exibidas em bienais e festivais internacionais como a Bienal de Berlim (2020), Bienal de Havana (2022), Trienal de Chile (2009), Bienal SIART (Bolívia, 2017), ImagiNATIVE (Toronto), Festival de Morelia (México), Toulouse (2012–2024) e no Museu do Índio Americano, Washington. Desde 2013, a sua filmografia é distribuída pela Vtape, de Toronto.
Francisco Roque de Oliveira é doutor em Geografia Humana pela Universitat Autònoma de Barcelona e Professor Auxiliar do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, Investigador Integrado do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG-IGOT-ULisboa) e coordenador científico da Fototeca e da Mapoteca do CEG. É membro do Conselho Editorial das revistas Investigaciones Geográficas (UNAM) e Journal of Historical Geography. Trabalha sobre História da Geografia e História da Cartografia. A sua investigação mais recente tem incidido sobre a história da Geografia Tropical Portuguesa em contexto do colonialismo tardio, em particular sobre metodologia de trabalho de campo e fotografia. Ciência ID; ORCID ID
Inês Beleza Barreiros é historiadora de arte e crítica cultural e a sua pesquisa centra-se na cultura visual, memória pública e legados do colonialismo. Atualmente, é Michael Ann Holly Fellow no The Clark Art Institute, onde prepara o seu próximo livro Thinking Visually. Afiliada ao ICNOVA, Inês doutorou-se em Media, Cultura e Comunicação pela New York University. Tem também trabalhado em documentários que exploram a relação do cinema com as outras artes. Entre publicações em revistas académicas e capítulos de livros, Inês é autora de “Sob o Olhar de Deuses sem Vergonha”: Cultura Visual e Paisagens Contemporâneas (2009).
Izabelle Louise nasceu entre o mangue e o mar, entre Fortaleza e Itarema (Ceará, Brasil), entre a palavra e a imagem. É descendente do povo indígena Tremembé e Doutoranda em Belas-Artes pela Universidade de Lisboa, com bolsa da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com período de mobilidade acadêmica na Hochschule für bildende Künste Hamburg (Alemanha). É investigadora colaboradora no CIEBA (Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes), no Afecta – Laboratório de Investigação e Criação Partilhada em Cinema e Outras Imagens em Movimento (Universidade da Beira Interior e Universidade de Lisboa) e no LICCA (Laboratório de investigação em Corpo, Comunicação e Arte da Universidade Federal do Ceará). Mestre em Criação Artística Contemporânea pela Universidade de Aveiro com bolsa de incentivo ao ano letivo. Graduada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Ceará com bolsa CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Atualmente, investiga a relação entre a epistemologia e o cinema indígena, termo que tem nomeado como imagem encantada.
Jamille Pinheiro Dias é diretora do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos e co-diretora do Centro de Pesquisa em Humanidades Ambientais da Universidade de Londres, onde também atua como professora. Sua pesquisa aborda questões ambientais, artes indígenas e tradução na América Latina, com ênfase no Brasil. Atuou em instituições como Brown, Duke e Universidade de Manchester. É também tradutora de autores como Ailton Krenak, bell hooks, Antônio Bispo dos Santos e Judith Butler. Possui doutorado pela Universidade de São Paulo e foi pesquisadora visitante na Universidade de Stanford.
Jelena Porsanger é atualmente diretora do Museu Sámi em Karasjok (Sámiid Vuorká-Dávvirat), que integra a associação museológica RiddoDuottarMuseat, na Noruega. Detém o título de Docent em Estudos Indígenas pela Universidade de Helsinki (Finlândia). Investigadora Sámi, é doutorada em História das Religiões e Investigação Indígena pela Universidade de Tromsø – Universidade Ártica da Noruega, e possui o grau de Licenciada em Filosofia pela Universidade de Helsinki. Foi vice-reitora da Universidade de Ciências Aplicadas Sámi (2011–2015), período durante o qual se estruturou o programa de doutoramento em Língua e Literatura Sámi, iniciado em 2016. Anteriormente, dirigiu o Instituto Nórdico Sámi e atuou como investigadora sénior e docente em várias universidades dos países nórdicos. Entre 2007 e 2011, foi editora-chefe da revista científica Sámi dieđalaš áigečála, dedicada a publicações académicas em línguas sámi. De 2015 a 2020, integrou o conselho editorial da revista AlterNative – An Indigenous Journal of Indigenous Peoples (SAGE Journals, Aotearoa/Nova Zelândia). Atualmente, faz parte da equipa editorial da Dutkansarvvi dieđalaš áigečála, revista da Associação de Investigação em Língua e Cultura Sámi (Dutkansearvi), também com revisão por pares. Em 2021–2022, foi curadora da exposição RUOKTOT – The Return of the Sámi Drums, centrada na repatriação de objetos rituais sámi, especialmente os tambores sagrados, desde os seus usos espirituais originários, passando pela sua expropriação, até aos atuais esforços de recuperação e restituição. A exposição inclui uma visita virtual em 360°. Os seus interesses de investigação incluem metodologias e epistemologias indígenas, religiões indígenas, crítica de fontes sob perspetiva indígena, repatriação do património cultural sámi, tradições orais e conhecimentos tradicionais, digitalização tridimensional do património indígena e museologia indígena e sámi.
Joshi Espinosa
Lilly Baniwa é atriz, performer e diretora. Pesquisa Teatro Indígena na Contemporaneidade. Nascida na comunidade Nazaré do Rio Içana no noroeste amazônico e atualmente reside em Campinas, São Paulo – Brasil, onde faz mestrado em Artes da Cena na Universidade Estadual de Campinas, Bacharel em Artes Cênicas na Unicamp (2023). Entre suas últimas atuações profissionais destaca-se: A Leitura do trechos do livro A Queda Do CEU, de Davi Kopemawa, transcriados para a linguagem teatral por Zé Celso, Teatro Oficina Uzyna Uzona, criadora do espetáculo SER-HUMA-NÓS e atriz/roterista do filme MANDÍ, do Bruno Villela.
María Luisa Soux é historiadora boliviana, docente emérita do curso de História da Universidade Mayor de San Andrés (La Paz, Bolívia) e investigadora do Instituto de Estudos Bolivianos da mesma instituição. A sua investigação centra-se na história do processo de independência da Bolívia e da região andina, na história das mulheres, do direito e da ruralidade boliviana. Entre as suas obras destacam-se La coca liberal (1993), La Paz en su ausencia (2008), El complejo proceso hacia la independencia de Charcas (2010) e Constitución, ley y justicia entre colonia y república (2013), além de diversos livros em coautoria e artigos publicados em revistas académicas na Bolívia, na América Latina e na Europa.
Marília Xavier Cury é Museóloga e educadora de museus. Dedica-se à investigação e à docência em Museologia desde 1992 MAE-USP. Coordena projeto de investigação nos temas da Comunicação Museológica e da Política de Gestão de Acervos. Desde 2010 dedica-se à investigação colaborativa com povos indígenas envolvendo coleções arqueológicas e etnográficas em museus universitários. Entre as investigações, as mais recentes são: Acervos etnográficos e colaboração com grupos indígenas – passado, presente e futuro. Produção de conhecimento e inovações na política de gestão museológica (2023-25) e Diálogos museológicos e trânsitos Portugal-Brasil / Brasil-Portugal. Uma prospecção nas coleções arqueológicas e etnográficas brasileiras em museus portugueses (2023-24)
Nara Neves Pires Galvão
Olinda Tupinambá (Pau Brasil, 1989) é multiartista, comunicadora, produtora cultural e realizadora audiovisual. Seu trabalho usa o corpo como corpo político para discutir a relação entre humanidade e natureza, com foco em questões ambientais. Desde 2015, dirigiu e produziu uma série de obras independentes entre documentários, ficções e performances. Curou e produziu importantes festivais como o Cine Kurumin, FeCCI e Amotara. Participou do grupo CARLA (UFBA/Manchester) e de exposições como Véxoa (Pinacoteca) e a 60ª Bienal de Veneza (2024), no Pavilhão Hãhãwpuá. É integrante da Rede Katahirine de Audiovisual das Mulheres Indígenas. Foi indicada ao Prêmio Pipa 2024.
Pedro Cardim é Professor Associado no Departamento de História da Universidade Nova de Lisboa, onde se licenciou (1989), doutorou (2000) e obteve o grau de Agregado em História (2013). Tem lecionado como professor visitante em várias instituições internacionais, incluindo a Universidade de Yale, a École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris), a New York University, a Universidad Pablo de Olavide (Sevilha) e a Université de Toulouse Jean Jaurès. É autor de sete livros (alguns em coautoria ou como editor), 26 artigos em revistas científicas e mais de uma centena de capítulos de livros. A sua investigação envolve colaboração com diversos especialistas e incide sobre temas como a história política e institucional, as Cortes de Portugal, o governo colonial, a cidade de Salvador da Bahia e as monarquias ibéricas.
Ritó Natáliocombinam a escrita ensaística e a performance, seja na criação, no ensino, na investigação ou na organização de programas públicos. Tem organizado uma série de palestras-performances dedicadas à relação entre linguagem e geologia, apresentadas internacionalmente em diversos espaços artísticos, teatros e contextos académicos: “Antropocenas” (2017) com João dos Santos Martins, “Geofagia” (2018), e “Fóssil” (2020). Um dos seus trabalhos mais recentes — “Spillovers” (2023) — propõe uma reinterpretação fabulada e coletiva de “Lesbian peoples: Material for a Dictionary” (1976), uma obra icónica do feminismo lésbico de Monique Wittig e Sande Zeig. Ritó concluiu o seu doutoramento em Estudos Artísticos e Antropologia com bolsa FCT, com foco no Antropoceno e nas perceções de humanidade-natureza no contexto da relação entre escrita, oralidade e geologia. Natálio é graduado em Artes Coreográficas (Universidade Paris VIII) e mestre em Psicologia Clínica (PUC-São Paulo). Publicou artigos académicos, textos de artistas e editou publicações independentes ligadas às suas pesquisas. Em 2019, no Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, Ritó co-organizou uma mostra de cinema indígena com cineastas e curadores indígenas, juntamente com uma plataforma coletiva de investigadores e ativistas de Portugal, nomeadamente Ailton Krenak. Desde 2020, Ritó é coordenador da Terra Batida (TERRABATIDA.ORG), uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. Colaborou, entre 2023-25, com a rede least — laboratório de artes e ecologia sediado em Genebra — no projeto “Peau Pierre” (Pele Pedra), um projeto de longa duração com foco em pedagogias ecoqueer em co-criação com associações locais. Coordenou também dois laboratórios quadrimensais com Alina Ruiz Folini para jovens entre os 18 e 25 anos, no contexto do projeto Imagina do Serviço Educativo da Fundação Calouste Gulbenkian (2022-23). Artista associado da Associação Parasita, uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes entre 2023-2024.
Sonia Archila é Professora Associada no Departamento de Antropologia da Universidade dos Andes, na Colômbia. Obteve o grau de Mestre em Arqueologia Ambiental em 1991 e concluiu o doutoramento em Arqueologia em 2000 no Institute of Archaeology, University College London (UCL). A sua investigação centra-se nas interações entre sociedades humanas e o meio ambiente ao longo do tempo, com especial atenção à construção da memória social, ao conhecimento tradicional sobre o uso de recursos naturais e à valorização do património arqueológico.
Susana de Matos Viegas é Investigadora Principal no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Doutorada em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Coimbra (2003), desenvolveu trabalho de campo junto do povo indígena Tupinambá de Olivença, no Brasil, tendo coordenado o relatório antropológico para a demarcação das suas terras (1997–2009). A sua investigação incide sobre questões de pessoa e subjetividade, territorialidades indígenas, ancestralidade e historicidades no Atlântico indígena. Desde 2012, realiza também trabalho de campo com os Fataluku, em Timor-Leste. Desde 2022, é Editora-Chefe da Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America. ORCID ID; CIÊNCIA VITAE: B213-0064-D9EE